terça-feira, 24 de junho de 2008

Sobre os ritos, a necessidade de morrer e a urgência de deixar passar


Os ritos são necessários. Para celebrar as coisas que nascem. Para chorar as que morrem.

Os ritos nunca deveriam ser abandonados antes da sua conclusão. Vingam-se no corpo, nele escrevendo toda a história do não-esquecido.

Quem queira entender a dor de uma alma, que se debruce sobre as evidências do corpo que a abriga. Lá estão as marcas ancestrais da palavra engolida.

A palavra nova anda em círculos; só a não-palavra chega onde o terreno é desértico.

Se há uma solidariedade possível, é a do tato - a mais forte e humana das sensações. Solidariedade que investe em desfazer, com dedos de Penélope, os pressentimentos acumulados em um corpo que o tempo colonizou.

1 comentário:

Anónimo disse...

Uau! Andas inspirada, menina!!! Pois não é que é! Essa singularidade do toque muitas vezes supera cheiros, sabores, visões e sons. Perfeito seria se o homem soubesse conjugar os mágicos cinco verbos em sincronia para perceber que carrega Deus dentro de si.
Beijãozão!!!