segunda-feira, 30 de junho de 2008

Afundando em palavras


Afundo em palavras
Elas distraem teu olho
Que já não sei se me percebe

O tempo é um hiato cruel
erguendo pontes levadiças
entre uma alma que vem e um corpo que espera

Mas sua alma virá mesmo?
Ou ficará comprimida em plástico multicor,
balão de gás que um barbante não segura?

Meus dedos já não alcançam.

A caminho do encontro, o corpo que espera
perdeu-se.
Naufragou em palavras,
até sumir no horizonte.
E, sem corpo, toda alma sente frio.

Palavras pra vestir esta alma. Rápido!
Palavras são necessárias antes que ela perca o pulso.
Uma alma nua não resiste muito tempo.
Mesmo a um olhar absorto como o teu.
***
Afundo em palavras.

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