Como corrente de água que sabe por onde passa
deslizo por pedras pontiagudas
Minha pele é anfíbia
Não tenho medo dos atritos
O que me torturam são as dores logínquas
Que ainda expõem minhas vísceras ao teu silêncio
Este sim, assustador
Não por ele, que sei fluido.
deslizo por pedras pontiagudas
Minha pele é anfíbia
Não tenho medo dos atritos
O que me torturam são as dores logínquas
Que ainda expõem minhas vísceras ao teu silêncio
Este sim, assustador
Não por ele, que sei fluido.
Mas pela minha inabalável espera
Como se grandes pedras pudessem ser removidas
devolvendo a vida a cadáveres putrefatos
Trago teu rosto na mão
Como se fosse um balão de gás
Recuso-me a soltar a linha
Que o lançaria pelos ares
Feito um bólide
Feito um bólide
Ainda não consigo
Como se grandes pedras pudessem ser removidas
devolvendo a vida a cadáveres putrefatos
Trago teu rosto na mão
Como se fosse um balão de gás
Recuso-me a soltar a linha
Que o lançaria pelos ares
Feito um bólide
Feito um bólide
Ainda não consigo
Esvaziá-lo de vida
Espremê-lo com as minhas mãos
Como uvas descartadas
II
As pedras parecem oportunas
Preciso delas antes de soltar a linha
Para desfazer traços, apagar olhos
fazer da boca não mais que um risco pouco claro
Mais que necessárias, as pedras são urgentes
Para arrancar marcas tatuadas com cores vivas
E retirar o que meu olfato ainda captura
II
As pedras parecem oportunas
Preciso delas antes de soltar a linha
Para desfazer traços, apagar olhos
fazer da boca não mais que um risco pouco claro
Mais que necessárias, as pedras são urgentes
Para arrancar marcas tatuadas com cores vivas
E retirar o que meu olfato ainda captura
há quilômetros de distância,
onde os olhos sequer alcançam
As pedras entoam uma macabra canção de ninar
É preciso destruir o som do seu riso
Moer os dentes que insistem num sorriso
Sempre que o sono vem e meus sentidos vacilam
É preciso desfazer qualquer palavra
que ainda possa me pôr à espera
III
As pedras prometem escrever no meu corpo outra história
Quase celebro suas deformações
E agradeço os rasgos lancinantes
nesta pele anfíbia e cansada
Colonizada até os ossos
As pedras são quase doces
Quando prometem eliminar vestígios
que teu silêncio ainda propõe
As pedras entoam uma macabra canção de ninar
É preciso destruir o som do seu riso
Moer os dentes que insistem num sorriso
Sempre que o sono vem e meus sentidos vacilam
É preciso desfazer qualquer palavra
que ainda possa me pôr à espera
III
As pedras prometem escrever no meu corpo outra história
Quase celebro suas deformações
E agradeço os rasgos lancinantes
nesta pele anfíbia e cansada
Colonizada até os ossos
As pedras são quase doces
Quando prometem eliminar vestígios
que teu silêncio ainda propõe
Não espero mais pelo correio ou pelo tilintar do telefone
Só quero alfinetes para estourar a bolsa-balão
Só quero alfinetes para estourar a bolsa-balão
Para que sumas pelos ares
Ou escorras pelas pernas
Inspiro, expiro
E sinto este descolamento de mim
Como uma mecânica respiração