domingo, 12 de outubro de 2008

Sobre os ritos, a necessidade de morrer e a urgência de deixar passar


Os ritos são necessários.
Para celebrar as coisas que nascem.
Para chorar as que morrem.

Os ritos nunca deveriam ser abandonados
antes da sua conclusão. Vingam-se no corpo,
nele escrevendo toda a história do não-esquecido.

Quem queira entender a dor de uma alma,
que se debruce sobre as evidências do corpo que a abriga.
Lá estão as marcas ancestrais da palavra engolida.

A palavra nova anda em círculos;
só a não-palavra chega onde o terreno é desértico.

Se há uma solidariedade possível, é a do tato
a mais forte e humana das sensações.

Solidariedade que investe em desfazer, com dedos de Penélope,
os pressentimentos acumulados
em um corpo que o tempo colonizou.

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