sábado, 31 de maio de 2008

A efervescência das palavras indigestas


As metáforas sempre foram minha companhia favorita.

Elas dizem o que quero dizer, sem deixar minha alma à mostra. Vulnerável, explícita. Sem uma gaze mínima que a proteja dos olhos dos curiosos.

Não sou Pessoa, que convida a ser inteiro no mínimo que faz. Ele, que nada exagera ou exclui. Sou amiga das hipérboles - lentes de aumento para examinar o mundo - e das metáforas, antídoto sutil para os excessos do dia anterior. Espécie de Sonrisal para os exageros da língua e dos olhos.

Também sou amante dos bons hipérbatos. Aqueles que embaralham as palavras, invertendo a ordem das coisas - como quebra-cabeça às avessas.

Estas são minhas ferramentas de dia e meus brinquedos de noite. A gaze que protege minhas vísceras, mas que também torna o suor delas a matéria-prima do dia seguinte.

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