Um olhar.
E tudo dito na escassez de palavras.
Palavras como peixes que se afogam no ar
A água pra sempre longe do seu alcance.
Feito folhas mortas, as palavras já não servem.
Desmancham-se a um passo do sentido
Só que não se pode abortá-las.
Pontiagudas como lascas de maçã,
Arranham a garganta. Não descem.
Vomitá-las também já não é possível.
Astutas, porém
Liquefazem-se nos olhos
retirando o verniz cotidiano das retinas.
Lavam impressões
Sinuosas e ágeis como serpentes
As palavras líquidas removem vestígios
O amor já não é listrado
Os indícios da memória apagam-se como fantasmas ao sol
Cinzas de papel de arroz
O corpo transborda em confissões líquidas
na tentativa de tudo dizer ao olho silente que espreita
***
Palavras escorrem
Desafiando a gravidade das certezas
Desfazem traços, lavam restos,
Sulcam novos cursos d´água entre as marcas do tempo
O verbo líquido abre um mar
e, por ele, erguem-se novas travessias
E tudo dito na escassez de palavras.
Palavras como peixes que se afogam no ar
A água pra sempre longe do seu alcance.
Feito folhas mortas, as palavras já não servem.
Desmancham-se a um passo do sentido
Só que não se pode abortá-las.
Pontiagudas como lascas de maçã,
Arranham a garganta. Não descem.
Vomitá-las também já não é possível.
Astutas, porém
Liquefazem-se nos olhos
retirando o verniz cotidiano das retinas.
Lavam impressões
Sinuosas e ágeis como serpentes
As palavras líquidas removem vestígios
O amor já não é listrado
Os indícios da memória apagam-se como fantasmas ao sol
Cinzas de papel de arroz
O corpo transborda em confissões líquidas
na tentativa de tudo dizer ao olho silente que espreita
***
Palavras escorrem
Desafiando a gravidade das certezas
Desfazem traços, lavam restos,
Sulcam novos cursos d´água entre as marcas do tempo
O verbo líquido abre um mar
e, por ele, erguem-se novas travessias